Manuel Gusmão
Textos e Pretextos Nº 10
Publisher: CEC
Year: 2008
Price: 8€
Manuel Gusmão
Poesia e Crítica
CONTENTS
Pórtico
- Manuel Gusmão, “Incerta Chama”
Texturas [Articles]
- Ana Luísa Alves, “Poesia e Pensamento em “As Mãos, a tersa rima” (Mapas o Assombro a Sombra)”
- Ângela Fernandes, “Da Literatura enquanto construção humana (A propósito da humanidade de Tlön”
- António Ladeira, “Para uma ‘Conversa Humana’: Figurações do Sublime na Obra de Manuel Gusmão”
- Clara Riso, “A Experiência da Escrita em A Noite e o riso de Nuno Bragança”
- Pedro Eiras, “Retrato de Manuel Gusmão Enquanto Poeta na Polis”
Contra-Senha [Testimonials]
- Fernando Guerreiro
- Jorge Listopad
- Maria Velho da Costa
- Paula Morão
- Teresa Dias Coelho
Manuscripts
Variações [Interview]
- Interview with Manuel Gusmão
Chronology
Textualidades [Bibliography]
Paula Rito: O Outro Guardado ou os Trilhos de um Fogo Lento
Manuel Gusmão
O que estes expositores nos mostram é uma pequena parte do visível que Paula Rito tem vindo a acrescentar ao mundo. Esta parte muito pequena propõe-nos algumas figurações, sobretudo, de rostos; mas dá-nos também a ver cadernos que acolhem a pintura ou em certos casos reúnem os gestos desses dois trabalhos: a pintura e a escrita. São cadernos por onde pode passar o rastro genético de uma dada sequência pictórica que neles fica como em processo; esboços ou tentativas que entretanto são já em si artefactos artísticos. E são, em outros casos, cadernos que recolhem por montagem ou colagem os gestos de uma determinada sequência já realizada – e são assim arquivo, marca memoriosa que recapitula a invenção.
Ver e poder folhear estes cadernos cria em nós a talvez ilusão de entrar na intimidade de uma oficina, de julgar que podemos filmar mentalmente os procedimentos, os climas e as versões de mundo em que o pintor constrói a sua autobiografia. É como se fossem “diários” da arte, folhas após folhas escandindo os trabalhos e os dias, aparições germinando num espaço-suporte e maneiras de atrair o tempo.
Este olhar forçosamente rápido está condenado a procurar as obsessões que organizam aquilo que vê e que vem ao encontro daquelas a partir das quais podemos ver, ao mesmo tempo disponíveis para a surpresa e guardando a diferença e a distância.