As Casas
Textos e Pretextos Nº 6
Publisher: CEC
Year: 2005
Price: 5€
As Casas – Textos e Pretextos, Spring/Summer 2005, nº 6
Espaço delimitado por linhas em formulários, mapas ou tabelas; divisão de um tabuleiro de xadrez; intesecção de uma coluna numa tabela; cada uma das doze partes em que os astrólogos dividem o céu; espaço de oração…Casa decimal, Casa comercial, Casa de penhora, Casa de Deus, Casa de detenção, Casa bancária, Casa de repouso…Uma vez aberto o dicionário percebemos que o conceito de ‘casa’ abraça sentidos distintos, aceita diferentes funções, acolhe projectos e sonhos diversos.
Assim como cada função exige o seu tipo de casa específico, diferentes culturas exibem diferentes tipos de casa, como forma de se darem a conhecer na sua singularidade, de vincarem a sua forma de estar no e com o mundo. Também cada um de nós assume a sua casa como o seu espaço, o local onde parecemos fazer mais sentido, porque recebe, ao mesmo tempo que reflecte, o eu que nele habita. A localização torna-se muito importante, é com todo o cuidado que escolhemos os objectos que nela inserimos e a forma como os dispomos acaba por manifestar a nossa atitude e posição face a nós mesmo e ao outro.
A escolha do tema ‘As Casas’ para este número da revista Textos e Pretextos procura, não só levar a repensar o conceito de casa, mas repensá-lo nas suas diversas acepções. Se espaços como Vilarinho da Furna ou a Aldeia da Luz são repositórios de memória de um tempo submerso pela força do desenvolvimento, espaços como a Casa Conveniente albergam as mais inovadoras representações teatrais que nos fazem repensar o conceito de teatro e representação, ao mesmo tempo que nos impelem a questionar a noção de casa de espectáculo tal como é tradicionalmente aceite. A nossa casa afinal é o mundo em que vivemos connosco e com o outro, com a semelhança e a diferença e talvez tenha chegado o momento de aprendermos a viver e a conviver com as forças desse mundo. Se os ensinamentos de Feng Shui nos poderão encaminhar para uma resposta, não menos interessante nos parecem as propostas de José Rodrigues ou Paula Rito, que optam pela ocupação de espaços já existentes, renovando e repensando a sua funcionalidade. Foi pela multiplicidade que procurámos abordar o conceito de casa porque, pensando na forma como a casa ocupa um lugar indispensável na noss avida, podemos reflectir sobre a nossa relação com o mundo, com os seus textos e pretextos, e nos afirmarmos como presenças reais.
Sara Ramos Pinto
CONTENTS
TEXTURAS [Articles]
- “»Falemos de casas«. Em torno do poema “Prefácio” de Herberto Helder”, Rita Basílio
- “Casas assombradas: o espaço teatral em Ibsen, Tchekov e Beckett”, Manuela Ferreira Carvalho
- “Umas casas portuguesas: Housing the Estado Novo in Cardoso Pires’s Balada da Praia dos Cães”, Paul Melo e Castro
- “Lugares de representação”, Tiago Bartolomeu Costa
- “O regresso do nómada e o fim da casa neolítica: Nomadismo versus sedentarismo”, Jeroen Dewulf
- “A crise da habitação em A Caverna, de José Saramago”, Ana Filipa Prata
- “Pelas veredas da infância: O regresso a casa num poema de Manuel António Pina”, Inês Fonseca Santos
CONTRA-SENHA [Testimonials]
- E.M. de Melo e Castro; Carlos Vieira de Faria; Teolinda Gersão; Vasco Graça Moura; Nuno Teotónio Pereira; Manuel António Pina
CONTRA-SENHA [Reports]
- A Casa da Memória de José Rodrigues (Margarida Reis e Ricardo Paulouro)
- Vilarinho da Furna Aldeia da Luz (David Carvalho e Mafalda Brinço Fernandes)
- Back to back to backs (Ana Raquel Fernandes e Ana Teresa Santos)
- Paula Rito Lugares de Habitação (José Pedro Ferreira)
- O Feng Shui e as Casas Felizes (Rute Beirante)
VARIAÇÕES [Interviews]
- Mário de Carvalho; João Santa Rita; José Bragança de Miranda; José Manuel Castanheira
ANTHOLOGY [Poetry and pictures]
{excerpts}